Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em
relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso. Nada contra
adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas
tô falando dos de "fabricação em série". Tô fora de dançar os hits das rádios e
ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata,
iradíssimo, tia.
Tinha me decidido a banir a palavra "balada" da minha vida e só
sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho
cult, desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a
verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom
filme, sinto falta de um amor.
Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as
pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de "tô no meu mundo, fique
no seu".
Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam
a pensar "se são meus amigos, logo devem ter amigos interessantes".
Infelizmente, essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito
desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. Tô
>fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.
Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes
que exibem a chave do Audi, tô mais do que fora. Baladas playbas com
garotas praianas hippie-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado
(elas misturam o desejo de ser meigas com o desejo de ser manos
com o desejo de ser patos) e rapazes garotos-propaganda Adidas com cabelinho
playmobil,também tô fora.
MUNDO IDIOTA
O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da
música, mas rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem
discutindo a melhor bunda da firma e depois choram "tristeza não tem fim,
felicidade sim" no ombro do amigo têm grandes chances de ser aquele tipo que
se acha superdescolado só porque tirou a gravata e porque fala tudo
metade em inglês, ao estilo "quero te levar pra casa, how does it sound?"
Para dançar, os muquifos eletrônicos alternativos são uma maravilha,
mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a
fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo.
Tô procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.
Minha mais recente descoberta são as baladinhas também
alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de
falar bacana, estilo bacana, papo bacana? Gente tão bacana que se
basta e não acha ninguém bacana. Na praia, quem é interessante além de se isolar
acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas
vão à praia e às baladinhas praianas.
Orkut, MSN, chats? me pergunto onde foi parar a única coisa que
brealmente importa e é de verdade nesta vida: a tal da química.
Mas então onde, meu Deus?
Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando,
meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas
pensando no nome do bebê? E eu? Até quando vou continuar achando todo mundo
idiota demais pra mim e me sentindoo mais idiota de todos?
Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que
eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos
lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma
vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredom lendo mais
algumas páginas do seu mundo perfeito.
A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa.
Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é,
menor a chance de você vê-la andando por aí?
Interessante seu texto, me pareceu um pouco melancólico, mas acredito que foi um tanto quanto sincero…
Gostaria no entanto de lhe propor algumas dúvidas se é que me permite…por exemplo…você já pensou que a pessoa que procuras lhe achará ou te achou interessante…O que é interessante para uns não os és para outros….acredito que você esteja me entendendo… outra coisa… se é que permite…somos todos seres humanos…alguns gostam de umas coisas enquanto que outros gostam de outras coisas….de na vida tudo depende muito do lugar em que você está, e em qual situação psicológica se encontra…não me considero nenhum entendido nem expert em relacionamento humano. sou um mero analista de sistema…que as vezes procuro escrever o que sinto e o que penso…
morre diabo ,que coisa mais idiota ,”Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço;Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho, eu quero é ter tentação no caminho, pois o homem é o exercício que faz,”Gente é tão louca e no entanto tem sempre razão. Quando consegue um dedo, já não serve mais, quer a mão. E o problema é tão fácil de perceber, é que gente nasceu pra querer.”Tem gente que passa a vida inteira travando a inútil luta com os galhos, sem saber que é lá no tronco que está o coringa do baralho.cada um de nós é um universo,””É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro,vai ouvir Raul seixas caraiu
Texto interessante, tão interessante quanto a pessoa que escreveu, e de tão interessante fica em casa assim como eu.
Dezenas de homens puxa-saco tentando mostrar empatia. Lembre-se de incluir isso no seu próximo texto.
Achei esse texto ótimo, pois toca direto na ferida de nos mulheres realizadas mas quem sentimos sempre um vazio no que diz respeito a vida sentimental. Li várias das respostas e senti afinidade com várias delas, isso me deixou pensando q talvez seja possível uma ação mais definida ao invés de manter essa sensação de vazio. Podemos sair do mundo virtual, marcar um encontro, conversar, trocar experiências. Q acham?
Tem tudo a ver comigo. Parece que foi eu que escrevi.
Exatamente como sinto e penso, as pessoas reclamam de solidão, mas são superficiais e individualistas, não dão a chance de conhecer melhor o “outro”, até para uma amizade. Pois essa solidão também abrange novas amizades, que está tão ou mais difícil de fazer, quanto arrumar namorado.Me pergunto onde as pessoas vão hoje para conhecer outras pessoas? Estamos sem opções, e está muito fácil entrar em depressão, quanto mais ouço que sou inteligente, bonita, simpática, pior me sinto.
Belo texto! Como se vê, muitos solitários ainda vem parar por aqui. É o meu caso.
Beijos!