Fácil largar o osso não é, porém pior é ficar desdentada de tanto roer uma vida de sofrimentos.“Não sou feliz, mas tenho marido”. Esse é o tema de uma famosa peça de teatro baseada num livro de mesmo nome. Mirabolante? Absurdo? Nada disso, simplesmente verdadeiro. Amargo é fato, mas verdadeiro. Quantas vezes já me peguei em conversas com amigas (e amigos) em que esmiuçavam uma relação falida, mas supostamente viva. Acreditam piamente na mentira que eles próprios criaram de que antes mal acompanhado do que só. E nem me dou ao trabalho de inserir um será ao final desse parágrafo, afinal o absurdo do masoquismo me impede disso.
As conversas giram em torno de amores inexistentes, mas conformados, de paixões iniciais que levam a desprezo, quando não ao desamor por si mesma. Mas por mais que estejam cientes dos erros, persistem, pois têm maridos ou esposas a desfilar ao seu lado. Qual o medo, afinal? um apontar de dedos para um suposto fracasso? Não seria uma derrota maior o desespero de estar muito mal acompanhada? Estar só nunca significou estar solitário. Afinal, o status feliz nem sempre está ligado diretamente ao compromisso com outra pessoa.
É ótimo estar junto, namorar, compartilhar, dividir, somar e outras contas mais, mas quando isso não resulta em uma conta positiva, por que insistir na matemática ao invés de apostar na felicidade da língua portuguesa? Diga um não e opte por estar só abrindo caminho para um verdadeiro amor do que numa soma que só resulta em negação.
E lembre-se que sem autovalorização é muito mais difícil encontrar quem o valorize por inteiro. Se nem você se dá ao valor de sair de uma falência e correr atrás de um sucesso, por que o outro vai colaborar com você? Fácil largar o osso não é, porém pior é ficar desdentada de tanto roer uma vida de sofrimentos.

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